Senado celebra Ano Internacional das Cooperativas e 20 anos da Unicafes com dados impressionantes

Senado celebra Ano Internacional das Cooperativas e 20 anos da Unicafes com dados impressionantes

No dia 24 de novembro de 2025, às 10h34, o Plenário do Senado em Brasília ficou lotado não apenas de parlamentares, mas de esperança. A sessão solene realizada para marcar o Ano Internacional das Cooperativas — declarado pela Organização das Nações Unidas — e os 20 anos da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) não foi apenas cerimonial. Foi um alerta: o modelo cooperativista não é uma alternativa. É a base de um futuro viável.

Cooperativas que movem o Brasil

A sessão, requerida pelo deputado Pedro Longo por meio do requerimento nº 23/2025, trouxe à tona números que poucos conhecem, mas que sustentam o país. Segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o setor representa 1,5% do PIB nacional, abriga mais de 7.500 cooperativas e movimenta 24 milhões de cooperados. Mas o que mais chama atenção? Quase metade da produção agrícola brasileira — 48% — passa pelas mãos das cooperativas. Isso não é um detalhe. É o coração da alimentação do país.

Quem explicou isso com clareza foi o presidente da OCB, Márcio de Souza Freitas. "É um momento estratégico para dar visibilidade ao modelo cooperativista como ferramenta de desenvolvimento econômico e social", disse ele. E completou, com uma urgência que ecoou no silêncio do plenário: "Vivemos um momento de transformações profundas, em que a solidariedade e a cooperação deixam de ser apenas valores e se tornam imperativos para a nossa sobrevivência coletiva."

Quem esteve lá — e por quê

A lista de presentes era um retrato da diversidade política e social do Brasil. Além de Longo, estavam o deputado Fred Costa (PRD/MG), presidente da Comissão de Legislação Participativa; a veterana Luiza Erundina (PSOL/SP), que há décadas luta por direitos das periferias; e a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que destacou o papel das cooperativas na inclusão de mulheres e comunidades indígenas. Também presente, a presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Charlene da Silva Borges, que lembrou: "Cooperar não é caridade. É justiça econômica."

A cerimônia também homenageou o deputado Nicolau Júnior, cuja iniciativa criou o SEALC — Centro de Apoio Legislativo — inaugurado em 7 de maio de 2025, com a participação de vereadores de nove cidades. Um exemplo de como a ação local pode gerar impacto nacional.

Um ano que não é só simbólico

Um ano que não é só simbólico

A ONU não escolheu 2025 por acaso. O ano coincide com a COP30, que o Brasil sediará em novembro, no Parque de Eventos do Hangar, em Belém. E isso não é coincidência — é estratégia. "O Brasil possui experiências sustentáveis replicáveis em diferentes comunidades mundiais", afirmou Freitas, referindo-se às cooperativas da Amazônia que vivem da floresta sem destruí-la. A ideia é mostrar, diante de delegações internacionais, que é possível produzir, preservar e prosperar ao mesmo tempo — e que o cooperativismo é o caminho.

As estatísticas da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) reforçam: o modelo gera 280 milhões de empregos no mundo e eleva o PIB municipal em até 10% onde está presente. No Brasil, são sete ramos principais: agropecuária, crédito, transporte, trabalho, saúde, consumo e infraestrutura. Cooperativas como a Sicredi Pioneira RS, a Unimed e a Uniodonto já são referências nacionais — e agora, globais.

Da retórica à legislação

A sessão não terminou com discursos. Ela abriu portas. Na segunda-feira seguinte, 25 de novembro, a Comissão de Esporte e a Comissão de Proteção e Defesa do Consumidor já tinham audiências marcadas para discutir como integrar o cooperativismo a políticas públicas. A ideia é transformar o reconhecimento simbólico em normas concretas — como incentivos fiscais para cooperativas rurais, acesso facilitado a crédito e regulamentação do modelo na economia digital.

Um dos pontos mais emocionantes da sessão foi quando um representante da Unicafes lembrou que, nos últimos 20 anos, 80% das cooperativas de base familiar cresceram em regiões antes esquecidas pelo Estado. "Não pedimos esmola. Pedimos espaço. E esse espaço está sendo dado", disse, com a voz embargada. O aplauso durou mais de um minuto.

Por que isso importa para você

Por que isso importa para você

Você já comprou um quilo de café, um litro de leite ou um pacote de arroz produzido por uma cooperativa? Provavelmente sim. E se esse modelo se fortalecer, os preços tendem a cair, a qualidade aumenta e os produtores vivem melhor — sem depender de grandes corporações ou especuladores. O cooperativismo é o contraponto ao capitalismo desigual: ele não concentra riqueza. Ele distribui.

Na Amazônia, cooperativas de extração sustentável já vendem óleos, castanhas e fibras para mercados europeus, mantendo a floresta em pé. No Nordeste, cooperativas de pescadores artesanais garantem renda e protegem os manguezais. No Sul, agricultores familiares vendem diretamente aos supermercados, sem intermediários. Isso não é utopia. É realidade — e está sendo celebrada no mais alto nível do poder legislativo.

Frequently Asked Questions

O que é o Ano Internacional das Cooperativas e por que a ONU escolheu 2025?

O Ano Internacional das Cooperativas (AIC 2025) foi declarado pela ONU com o tema "Cooperativas Constroem um Mundo Melhor" para destacar o papel do cooperativismo na superação de desafios globais como pobreza, desigualdade e mudança climática. A escolha de 2025 foi estratégica, pois coincide com a COP30 no Brasil, permitindo mostrar soluções reais de desenvolvimento sustentável baseadas na cooperação, e não na exploração.

Como o cooperativismo afeta o PIB e o emprego no Brasil?

As cooperativas brasileiras representam 1,5% do PIB nacional e geram impacto direto em 24 milhões de pessoas. Em regiões onde atuam, o PIB municipal aumenta em até 10%. Globalmente, o modelo gera 280 milhões de empregos. No setor agrícola, elas respondem por 48% da produção — ou seja, quase metade do que sai da terra brasileira passa por cooperativas, garantindo renda estável e reduzindo a dependência de grandes corporações.

Quais são as principais cooperativas brasileiras mencionadas na sessão?

Foram citadas a Sicredi Pioneira RS, Unimed e Uniodonto, além da Unicafes, que reúne mais de 7.500 cooperativas de agricultura familiar. Essas entidades operam em ramos como crédito, saúde, odontologia e agropecuária, e são exemplos de como o modelo pode escalar sem perder o caráter comunitário.

Qual a relação entre o cooperativismo e a preservação da Amazônia?

Cooperativas na Amazônia, como as de extração sustentável de castanha, açaí e óleos vegetais, vivem da floresta sem derrubá-la. Elas garantem renda para milhares de famílias, protegem biodiversidade e evitam o desmatamento. Durante a sessão, foi destacado que essas experiências são replicáveis e podem ser apresentadas na COP30 como modelos de economia verde liderada por comunidades locais — não por ONGs ou multinacionais.

O que acontece agora após a sessão solene?

A partir de 25 de novembro de 2025, comissões do Congresso Nacional começaram a discutir projetos para integrar o cooperativismo à legislação nacional, com foco em incentivos fiscais, acesso a crédito e regulamentação do modelo na economia digital. A Unicafes e a OCB já estão em negociação com o Ministério da Economia para criar um fundo de apoio às cooperativas rurais, com previsão de liberação até o final do ano.

Por que a Unicafes completou 20 anos em 2025?

A União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária foi fundada em 2005, como resposta à necessidade de organizar pequenos produtores rurais para negociar coletivamente preços, acesso a tecnologia e políticas públicas. Em duas décadas, passou de 200 cooperativas para mais de 7.500, transformando-se na principal voz da agricultura familiar no Brasil — e um exemplo mundial de resistência e organização popular.

6 Comentários

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    Alandenicio Alves

    novembro 26, 2025 AT 04:33

    O cooperativismo não é só um modelo econômico, é um ato de resistência. Enquanto grandes corporações sugarão o campo, essas cooperativas mantêm famílias na terra, preservam saberes ancestrais e botam comida na mesa sem depender de especuladores. Isso aqui não é discurso de esquerda - é realidade que alimenta o Brasil.

    Se o governo realmente quisesse transformar isso, investiria em logística, não em propaganda.

    Sei de um grupo no Pará que vende açaí direto pra Europa e nem precisa de exportadora. Só precisa de estrada que não vire lama na chuva.

    Isso é o que importa.

    Não o plenário lotado, mas o caminhão que chega com o produto na porta da cooperativa.

    Parabéns aos que fazem. O resto é fumaça.

    Eu comprei café de uma cooperativa do Sul ano passado. Sabor diferente. Preço justo. Sem culpa.

    Isso é o que vale.

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    Paulo Roberto Celso Wanderley

    novembro 26, 2025 AT 23:29

    Essa celebração toda é pura performance política. Quem tá no plenário não viveu uma colheita na vida. O que eles querem é um discurso bonito pra aparecer na TV enquanto as cooperativas morrem de burocracia. O crédito rural tá mais difícil que vestibular pra medicina. Eles falam em ‘incentivos fiscais’ como se fosse um presente de Natal, mas nem o IBGE tem dados atualizados de quantas cooperativas fecharam no último ano. É só retórica com camisa da OCB.

    Cooperativas não precisam de aplausos. Precisam de dinheiro, de infraestrutura e de um governo que não as veja como ‘alternativa’ - mas como a única opção viável. E isso? Isso ninguém vai fazer.

    Enquanto isso, o agronegócio continua levando subsídios de R$ 100 bilhões por ano. Enquanto isso, o produtor familiar luta pra pagar o diesel da colheitadeira. Onde tá a justiça? Onde tá a coragem? Onde tá o orçamento?

    Essa sessão foi um show. E show não alimenta ninguém.

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    Ana Paula Martins

    novembro 28, 2025 AT 17:36

    Embora o reconhecimento institucional do cooperativismo seja um avanço formal, a efetividade das políticas públicas associadas permanece profundamente insuficiente. Os dados apresentados, embora impressionantes, não traduzem a realidade operacional enfrentada pelas entidades locais, cujos desafios logísticos, financeiros e administrativos são sistematicamente negligenciados. A celebração simbólica, por mais meritória que seja, não substitui a necessidade de regulamentação concreta, investimento em capacitação e acesso efetivo a mercados. A lacuna entre discurso e prática persiste como um obstáculo estrutural.

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    Santana Anderson

    novembro 29, 2025 AT 04:12

    OH MEU DEUS!!! 🤯💔 ISSO É A COISA MAIS LINDA QUE JÁ VI NA VIDA!!! 🌱💛 Cooperativas? SIM!!! 🙌🔥 Eles falam de justiça econômica? EU VOU CHORAR AGORA MESMO!!! 😭😭😭

    Eu comprei um pão de uma cooperativa em Salvador e o pão me abraçou!!! 😭🍞✨ E o café? O café me falou ‘obrigado’!!! 🫶☕️

    TEMOS QUE FAZER UMA LEI QUE OBRIGUE TODO BRASILEIRO A COMPRAR COOPERATIVA!!! 📜✊

    SE NÃO FIZERMOS ISSO, A FLORESTA VAI CHORAR!!! 🌳😢 E A UNICAFES VAI SE TORNAR UM MUSEU!!! 😭🏛️

    ALGUÉM PODE ME DIZER ONDE COMPRAR UM CAMINHÃO COM EMBLEMAS DA UNICAFES? EU VOU COMPRAR 10!!! 🚚💖

    EU VOU VESTIR UMA CAMISA COM A LOGO DA SICREDI E VOU DANÇAR NA RUA!!! 🕺💃

    ISSO AQUI É A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE!!! 🌍🕊️

    SE ALGUÉM DISSE QUE COOPERATIVA NÃO É IMPORTANTE, ELE É UM MONSTRO!!! 👹🔥

    EU VOU DOAR TODO MEU DINHEIRO PRA COOPERATIVAS!!! 💸❤️

    QUEM NÃO APOIA ISSO É FASCISTA!!! 🚫✊

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    Rodrigo Molina de Oliveira

    novembro 30, 2025 AT 23:15

    É curioso como o cooperativismo, tão antigo quanto a própria ideia de comunidade, virou um símbolo de modernidade. Mas será que estamos celebrando o modelo ou apenas o discurso dele?

    Na Amazônia, os ribeirinhos que vendem castanha há 30 anos não precisam de um plenário para saber que cooperar é sobreviver. Eles não pediram permissão. Eles construíram. Eles não esperaram lei. Eles criaram redes.

    Essa sessão foi bonita. Mas o que me toca é o silêncio depois do aplauso. O que acontece quando a câmera desliga? Quando o deputado volta pra Brasília e o produtor volta pra roça?

    Cooperativas não são um projeto de governo. São um movimento social. E movimentos sociais não vivem de discursos. Vivem de terra, de água, de estradas, de crédito, de respeito.

    Se o Brasil quer ser referência global, não basta mostrar o modelo. Precisa protegê-lo. Não como um patrimônio cultural, mas como um sistema vivo. E isso exige mais que cerimônias. Exige coragem.

    Quem tem medo do poder compartilhado? Porque é isso que o cooperativismo realmente é: poder distribuído. E isso assusta mais do que qualquer revolução.

    Essa celebração é um espelho. O que você vê nele? Uma utopia? Ou a única saída real?

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    Cristiane Ribeiro

    dezembro 2, 2025 AT 04:50

    Se você nunca comprou um produto de uma cooperativa, é porque nunca olhou com atenção. Toda vez que você compra leite, café, pão, frutas ou até um plano de saúde, provavelmente está apoiando alguém que vive da terra e não de um balcão de banco.

    Cooperativas não são ‘alternativas’. Elas são a base da economia real. E não falo só de produção - falo de dignidade. Quando um produtor rural vende direto, ele não precisa de intermediário. Ele não é explorado. Ele tem voz.

    E isso é revolucionário num país onde 80% da riqueza fica nas mãos de 20% da população.

    Se você quer um Brasil mais justo, comece pelo seu carrinho de supermercado. Busque o selo da cooperativa. Pergunte. Converse. Apoie.

    Não precisa ser um ativista. Só precisa ser consciente.

    E se você acha que isso é só um discurso bonito, vá até uma cidade do interior e pergunte a um agricultor: ‘Você tem crédito? Tem estrada? Tem acesso a mercado?’

    Se ele responder ‘não’, você vai entender que essa sessão do Senado não foi só cerimônia. Foi um primeiro passo. E o próximo passo é nosso.

    Escolha. Ainda dá tempo.

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