Quando Novak Djokovic, tenista profissional sérvio, anunciou que sua temporada de 2025 seria "apenas Grand Slams", o mundo do tênis ficou em polvorosa. Na coletiva de imprensa do US OpenNova Iorque, em 22 de agosto, o campeão de 24 majors declarou que não teria mais nenhum compromisso fora dos quatro torneios maiores.
Historicamente, a ATP exige que os 30 melhores jogadores disputem 12 eventos principais por ano – quatro Grand Slams e oito dos nove Masters 1000. Essa carga mantém o circuito em ritmo de "janela de janeiro a novembro", com apenas duas semanas de descanso entre temporadas. Segundo a análise da TenisBrasil, a exigência tem sido apontada como um dos maiores vilões da longevidade dos atletas.
Ao iniciar a temporada em 31 de dezembro de 2024 no Brisbane International, o sérvio já deixava claro que seu foco seria limitado. Ele participou apenas de três Grand Slams: o Australian OpenMelbourne, o Roland GarrosParis e o próprio US Open. Todos os Masters 1000, incluindo Madrid, Roma, Monte Carlo, Xangai, Toronto‑Montreal e Cincinnati, foram descartados.
Em entrevista concedida em Xangai, China, no dia 2 de setembro, o tenista ressaltou que "há discussões sobre reestruturação do calendário há pelo menos 15 anos" e que "os jogadores não estão suficientemente unidos" para pressionar mudanças. Essa estratégia, embora rara, tem respaldo em exceções concedidas a atletas com carreiras extensas, como o próprio Djokovic, que já acumula duas décadas de presença nos top‑10.
Mesmo com a agenda enxuta, 2025 foi ano de recordes. Djokovic capturou seu 100º título da ATP, tornando‑se o primeiro jogador a vencer torneios por 20 anos consecutivos. Ele também se tornou o atleta mais velho a chegar às semifinais dos quatro majors em um mesmo ano, com 38 anos e 103 dias.
Além disso, ele reduziu a diferença de títulos entre ele e Roger Federer para apenas três conquistas, o que alimenta debates sobre quem será o próximo "maior de todos os tempos". Em declarações ao ESPN Brasil, Djokovic elogiou a rivalidade emergente entre Jannik Sinner (Itália) e Carlos Alcaraz (Espanha), sugerindo que sua própria “era Djoker” poderia abrir espaço para novos protagonistas.
A ATP reconheceu a exceção, mas ressaltou que a política permanece "para garantir a competitividade e a presença dos melhores nomes nos eventos”. Enquanto isso, jogadores veteranos elogiaram a escolha de Djokovic, argumentando que a saúde mental e física deve ter prioridade. Por outro lado, alguns críticos temem que a ausência de estrelas em Masters 1000 possa prejudicar receitas e transmissões.
Se o calendário reduzido provar ser vantajoso, outros atletas podem seguir o exemplo, pressionando a ATP a rever suas exigências. A discussão sobre "jogos mais curtos" ganha força, especialmente com a opinião de Djokovic de que "os eventos de duas semanas são muito longos para mim". O que fica claro é que a temporada 2025 será citada nos livros como um ponto de inflexão: um dos maiores nomes do esporte optando por menos, mas ainda assim colecionando recordes.
A ausência do número‑1 global reduz a atratividade comercial dos Masters 1000, já que patrocinadores e audiências esperam ver os principais nomes. Isso pode pressionar a ATP a oferecer incentivos ou relaxar as regras de participação para garantir campos competitivos.
Ele conquistou o 100º título de ATP, tornou‑se o jogador mais velho a chegar às semifinais dos quatro majors no mesmo ano, ampliou seu total de vitórias em Masters 1000 para 416 e bateu os recordes de quarter‑finals (64) e semifinais (53) em Grand Slams.
Ele afirmou que deseja passar mais tempo com a família e que os torneios de duas semanas são fisicamente muito exigentes, o que compromete sua qualidade de vida e desempenho.
Há discussões internas há anos, mas até agora não há consenso entre os jogadores. A pressão de figuras como Djokovic pode acelerar o debate, embora decisões dependam de acordos entre federações, clubes e patrocinadores.
A nova geração, liderada por Jannik Sinner e Carlos Alcaraz, está pronta para preencher o espaço deixado pelos grandes da era Djokovic‑Federer‑Nadal.
Escrito por Aliny Fernandes
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