Em uma movimentação que vem gerando diversas discussões e análises, o governo brasileiro publicou uma medida provisória que estabelece a criação do chamado 'imposto das encomendas', a ser aplicado a partir do dia 1º de agosto deste ano. Esta nova taxação focará especialmente nas compras internacionais de pequeno valor e tem gerado uma série de opiniões tanto entre consumidores quanto entre especialistas econômicos.
A nova medida provisória, que foi detalhada em uma edição extra do Diário Oficial da União, prevê a aplicação de uma alíquota de 20% sobre compras internacionais de valor inferior a $50. Para compras que variam entre $50 e $3,000, seguirá valendo a alíquota existente de 60%, porém, um desconto de $20 será concedido sobre o valor final do imposto.
Segundo o Ministério da Fazenda, um decreto publicado simultaneamente regulamentará a coleta desse novo imposto. A preocupação imediata de muitos consumidores e empresários é em relação ao aumento do custo das compras realizadas em plataformas internacionais, principalmente em um contexto onde o dólar encontra-se em alta constante.
Há, contudo, uma isenção importante nesta medida: os medicamentos importados para uso pessoal não estarão sujeitos a esta nova taxação. Essa exclusão traz um certo alívio para aqueles que dependem de tratamentos médicos específicos vindos do exterior.
Para que a medida entre em vigor permanentemente, será necessária a aprovação do Congresso Nacional em até 120 dias. O Ministro Alexandre Padilha manifestou confiança na aprovação da medida, mencionando que não se trata de um novo debate, mas sim da preservação da essência do que já foi aprovado pelo Congresso.
Curiosamente, a origem da ideia deste imposto remonta ao programa Mover, que visa promover a mobilidade sustentável e a inovação no país. No entanto, o governo vetou uma provisão que permitiria a importação de autopeças, gerando debate dentro da indústria automotiva brasileira.
Os detalhamentos adicionais sobre a aplicação desta medida serão fornecidos pela Receita Federal em uma coletiva de imprensa, onde espera-se que sejam esclarecidas dúvidas pertinentes sobre a operacionalização da cobrança.
Os impactos econômicos desta nova taxação ainda estão sendo estudados, mas especialistas apontam que pode haver um reflexo imediato nas compras online feitas por brasileiros de sites internacionais. A expectativa é que a medida provoque uma redução no volume dessas compras, devido ao aumento do custo final para o consumidor.
Em termos de reação do mercado, há uma dupla preocupação: por um lado, há o receio de prejuízo para pequenas e médias empresas que dependem da importação de produtos para suas atividades; por outro, existe a expectativa de um aumento na arrecadação governamental, o que pode ajudar a equilibrar as contas públicas em um momento de crise fiscal.
A motivação do governo com essa medida provisória parece estar vinculado ao aumento da arrecadação e ao controle do déficit fiscal. Além disso, há também a intenção de regulamentar e controlar de maneira mais eficiente as compras internacionais feitas por brasileiros, que têm crescido de maneira significativa nos últimos anos, impulsionadas pelas facilidades do comércio eletrônico.
Por fim, é importante destacar que medidas como essa têm um impacto direto no comportamento dos consumidores e no próprio mercado de e-commerce. Caberá aos órgãos governamentais e à Receita Federal a tarefa de comunicar de maneira clara e transparente todas as mudanças e regras que se aplicarão a partir de agosto, garantindo que os cidadãos estejam bem informados sobre o novo cenário fiscal.
Aguardamos, pois, os desdobramentos dessa questão e as possíveis adaptações que poderão surgir a partir do diálogo entre o governo, o Congresso e a sociedade. Certamente, este 'imposto das encomendas' seguirá sendo tema de debates e análises nas próximas semanas.
Escrito por Marina Oliveira
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